“Por isso que esses moços de hoje não querem se casar. Essas moças
de hoje não sabem coar um café”. E de repente, anos e anos de indagação
se resolviam de uma forma simples e objetiva. Meu avô acabava de
pronunciar a sábia frase que respondia a grande questão que assola o
universo feminino. E, sabe de uma coisa? Se pararmos pra pensar, meu
avô está certo.
Antigamente casamento tinha um outro
sentido. Na época dos meus avós, casamento era pra sempre. A mulher
parava de trabalhar, de estudar ou de fazer qualquer coisa que fosse,
pra se casar e virar esposa. Não havia outro sentido pra vida que não
fosse aquele. Ser mãe e esposa. E era por isso que os homens se
casavam. Pra ter quem cuidasse da casa enquanto eles trabalhavam pra
sustentar a família. A mulher ficava em casa “coando café” e cuidando
dos filhos enquanto o marido saía. Pra trabalhar ou pra sei lá o que
fosse.
Até que um belo
dia, a mulher plantou o pé no saco de café e resolveu sair de casa pra
trabalhar. E se fudeu. A mulher passou a ter que trabalhar, cuidar dos
filhos, cuidar da casa. E coar o café.
Só
que agora, o café é pra ela. O homem ficou meio perdido no meio dessa
história. E o casamento como conhecíamos perdeu a razão de existir.
No
fundo, bem lá no fundo, eu acredito que todo homem pensa que “Amélia é
que era mulher de verdade”. E que a esposa ideal é aquela meio
burrinha que acredita que a marca de batom na camisa é molho de tomate.
Aquela que acha lindo quando ele diz que chegou às onze em casa porque
estava numa reunião (mesmo não entendendo o cheiro de cerveja e
perfume barato no sujeito). Um cidadão uma vez me disse que “mulher
feliz é mulher ignorante”. É meio que isso. Aquelas tapadas que
acreditam no molho de tomate na camisa.
Uns cinco ou
seis anos atrás, li numa Veja uma pesquisa que dizia mais ou menos a
mesma coisa. Que os casamentos que davam mais certo eram aqueles entre
homens com QI mais alto com mulheres com QI mais baixo. Não só o QI, mas
escolaridade, classe social e alguns quesitos do tipo contavam. Em
resumo: casamento que dá certo é aquele em que um bonzão-fodão se casa
com uma anta-tapada. Ou seja, um cidadão muito foderástico com uma
topeira total tem chance de ficar anos e anos casados. Um cidadão
foderástico com uma cidadã igualmente foderástica, as chances de dar
certo são tipo nulas. Acontece que as antas e topeiras estão cada vez
mais perto de entrar em extinção. E o casamento idem.
Existem
ainda aquelas que se fazem de sonsas pra manter o casamento, mas de
sonsa não têm nada. Não sei. Eu não teria tanto sangue frio. E acho que
comigo não funcionaria. Ao primeiro sinal que me desagradasse, a casa
ia cair. Nunca me imagino casada cuidando de filho enquanto meu marido
passa o final de semana na rua. Sabe as chances disso? Nulas.
Negativas. Zero. Tenho dó de quem vive isso. De verdade mesmo que
tenho. Acho que ninguém consegue ser feliz assim.
O
casamento feliz hoje tem um novo conceito. A mulher deixou de ser
aquela que fica em casa coando o café e passou a ser companheira do
homem. E nem todo homem entendeu isso ainda. A maioria ainda procura a
Amélia. A ignorante feliz. Tenho um pouco de dó. Dos homens, claro.
Porque eles estão procurando uma coisa difícil de se achar hoje em dia.
Melhor comprarem um coador de café logo.
(Brena Braz)
O que nos define?
Há 6 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário